chamas
a luz está acesa. sentado na cama, pés no chão, tira o sapato e agora começa a roçar a meia contra o carpete, num vai e vem mecânico. sentada a seu lado, com uma roupa leve de algodão, ela ajeita umas revistas largadas na cômoda. ele contempla o rosa de sua pele. o olho percorre o ombro e desliza por dentro da blusa.
é a primeira vez que entra em seu quarto. não revela que se assusta com pôsteres de banda colados na parede à sua frente. coisa de menina, adolescente. isso coça mais ainda seus pensamentos.
ela conversa coisas que em sua cabeça não fazem o menor sentido. aquela luz acesa, forte sobre sua cabeça apenas lhe salva de não ficar aparentemente roxo diante dela. pensa atos que nunca teria coragem de concretizá-los... ao contrário dela.
observa a mão dela se mover em direção à sua perna. músculos tensionados. não consegue expirar. a mão exala calor de longe. sente queimar suas bochechas, assar suas coxas.
fica imóvel diante do movimento circular de seu dedo sobre a braguilha do jeans. solta a respiração e de repente começa a arfar. como um touro que percorreu toda a mata atrás de sua fêmea no cio. a mão dela, por dentro de sua calça, parece um útero, aconchegante, de onde nada se pode sair, nem um suspiro de calor.
algo explode, de súbito, e ele umedece sua mão, grande, larga, por entre as pernas dela. quase rasga-lhe o short ao deitar aquele corpo rosa e torneado. ele abre suas pernas vagarosamente e ela é dominada pelo calor de sua língua.
por minutos, esquece que a luz está acesa e a porta, entreaberta. o cheiro dela lhe contém e eles não se desvencilham de mãos e línguas e calor e ardor.
o celular dele toca. ele não quer, não vai atender. mas de repente acorda, exasperado... era o despertador lhe avisando que já são oito horas da manhã.
20.6.05
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