15.12.07

Hoje eu queria poder voar



Enjaulada
Numa encruzilhada dentro de mim
Sem poder soltar um suspiro
Só sai em forma de grito
Urros, quis dizer

Roubo-me todo um dia um pouquinho
Para suportar a existência
Sobrevivência
Subvivência

Odeio a passividade
Conveniências
Mas me aprisiono, sem saber a quem
Sabendo, não me pertenço
E sigo me enganando

Só a mim...

27.11.07

As cigarras

Sofia tinha seis anos quando se pendurava em árvores. Era essa a época das cigarras. Todo dia havia uma, com seu grito ininterrupto, perto do anoitecer.
Ela sorria quando pensava num mundo cheio de cigarras. Porque algum dia alguém lhe contou que a cigarra começa a ganir quando cai o sereno e só pára quando morre, na noite do mesmo dia.
Para Sofia, e mais ainda para seu pai, quando a cigarra cantava era hora de descer da árvore e subir para casa. O dia começava infinito, mas acabava às seis da tarde.
Hoje, Sofia não as ouve. Por que não é mais criança. Mas não porque sua vida de adulto não seja cronometrada e cheia de regras. Só que, no lugar de seu pai, agora são impostas por ela mesma.


25.nov.2007

3.10.07

o cinza de São Paulo

me enegrece
me endurece
me encimenta
me acinzenta

mas com o crepúsculo
vira magenta



3.out.2007

14.8.07

A virtude pode-se tornar vício se ao seu exercício nos dedicamos com demasiada avidez

Michel de Montaigne
(1533-1592)

10.8.07

Ro, vá na casa do Fran pegar a calça do Alê e levar para a lavanderia do Ma.
Ironicamente, a economia de palavras do paulista é diretamente proporcional à exatidão de um baiano ao se referir a uma pessoa. Porque Alexandre na Bahia só pode ser Xande. Na complexa São Paulo, quando Alê é chamado, olham os Alexandres e Alessandros, como os Robertos, Rogérios e Rodrigos na vez do Ro. Beto, Chico, Xande e Celo encurtam o raciocínio. Depois os paulistas não entendem de onde os baianos tiram tanto tempo livre para... descansar.


Julho.2007

7.5.07

Seja razoável
Peça o impossível

Maio de 1968

26.3.07

perco o compasso
nessa cidade cheia de traço



19.mar.2007

16.3.07

ansiedade
saudade
vontade

ronronar interno
talvez fosse fome...



2006

9.1.07

Paralisada como a chuva
Que só faz barulho
Quando cai
Mas não machuca

Sigo absorta
Como imersa numa música
Que nunca acaba
Nem assusta...



6.jan.2007